domingo, 3 de julho de 2011

A música no período gestacional

A gestação no ser humano tem duração de 9 meses, quase completando 10 meses (total de 40 semanas). A vida que é gerado na gestação inicia-se no momento em que é concebido e encerra-se durante o primeiro ano de sua vida. A orelha começa a desenvolver na 3ª  semana de gestação mas só na 21ª semana o feto começa de fato a escutar um estímulo sonoro-musical. Mas a questão é: Se o feto só escuta de fato após a 21ª semana de gestação, porque é tão importante que a mãe converse com ele ou até estimule seu bebê sonoramente?
            A resposta é simples: antes mesmo da orelha e todo o aparelho auditivo se formar, o feto percebe os sons através da vibração. O feto se encontra e se desenvolve dentro do útero onde há um líquido chamado amniótico. Esse líquido é de extrema importância para sua proteção e nutrição. Quando os sons internos de sua mãe ou externos chega, o líquido amniótico capta essas ondas sonoras formando ondas que ao encostar na pele do feto, este sente a vibração desse som, ou seja, a pele é uma extensão do ouvido durante a gestação e as vibrações sonoras excitariam o tato que é anterior a audição. Há vários estudos comprovando cientificamente a audição fetal e a importância do papel maternos referente a estes estimulos dentre elas estão:

  •      Johansson e colaboradores (1964) – usaram tons puros de alta frequencia colocados no abdômen da mãe através de microfones e gravaram a frequência cardíaca fetal em relação aos tons após a 20ª semana de gestação.
  •       Klaus e Klaus (1989) – colocaram microfones ao lado do feto dos 6 aos 7 meses revelando que os sons maternos têm um volume levemente menor do que o de uma rua movimentada de uma cidade.
  •       No trabalho de parto: um obstetra francês colocou um microfone muito pequeno dentro do útero enquanto a mâe estava no trabalho de parto (após a ruptura de membranas). Foi registrado que a intensidade do som que chegava até o bebê através do útero e observou a variedade de respostas que os bebês davam a diferentes tipos de sons (ex. Frequência cardíaca, movimentos, etc). Resultados: A maioria dos sons penetrava a parede uterina a abdominal pode-se ouvir claramente sons e níveis de vozes da sala, sons físicos internos a mãe e a “Nona sinfonia de Beethoven” sendo tocada na sala de parto.
  •       DeCasper e Fifer (1980) – (preferência pela voz materna): gestantes gravaram fitas delas conversando com os seus bebês durante as últimas semanas da gestação aos 3 dias do nasciemnto do bebê, tanto as gravações de suas mães como de outras mães foram tocadas aos recém-nascidos. Estes possuíam uma chupeta que manipulava a gravação de acordo com o ritmo de sua sucção. Resultados: os recám-nascidos tendiam a sugar a chupeta mais rápido quando a voz da gravação não era a de sua mãe, mudando o ritmo da sucção mais lentamente quando encontrava a voz da própria mãe.
  •       DeCasper (1980) – (reconhecimento e estruturas de linguagem): um experimento nos mesmos moldes do anterior foi repetido, porém agora som contos sendo lidos pela mãe. As mães gravaram dois contos, porém apenas um deles foi lido ao bebê durante as últimas semanas de gestação. Resultados: o bebê tendia a sugar a chupeta mais rapidamente quando o conto ouvido não era o mesmo que sua mãe contava para ele durante a gestação, mudando o ritmo de sucção quando começava a ouvir o conto que ele ouvia na gestação.
  •      Brazelton (1994) – preferência pela voz materna II: Logo após o nascimento um pesquisador segurava o bebê sem que esse tivesse contato visual com o pesquisador. Quando o pesquisador conversava com o bebê, este procurava a voz do pesquisador e se virava em direção a fonte sonora. O mesmo procedimento era repetido, porém agora com a mãe e o pai chamando junto com o pesquisador.
  •          Resultados: PESQUISADOR X MÃE: se viraram em direção a voz da mãe
  •                                PESQUISADOR X PAI: se viraram em direção a voz do pai
  •                               PESQUISADOR X MÃE X PAI: se viraram em direção a voz da mãe
          Mãe: primeiro lugar; pai: segundo lugar e outros: terceiro lugar.

            De acordo com essas pesquisas desenvolvidas podemos perceber que os sons que envolvem o novo ser é na maioria das vezes totalmente nítido ao chegar na percepção sensorial do feto mas essa captação sonora é muito mais do que simplesmente o feto ouvir  especialmente quando os sons são mais agudos pois quanto mais agudo for o som, mais nítido será a captação sonora para o feto (deve ser por este fator dentre vários que o bebê prefere a voz da mãe). As sonoridades captadas pelo feto através da vibração garante um melhor desenvolvimento não só físico como mental e nutricional. Um belo exemplo desses efeitos é a pesquisa feita pelo And e colaboradores (1977) que compararam níveis lactogênio placentário (H.P.L) em mulheres entre 22ª e a 41ª semana de gravidez moradoras em áreas ruidosas próximas ao aeroporto de Osaka, com moradoras de áreas mais silenciosas.  Resultados: Nas áreas de menos ruídos (abaixo de 75 dB), os níveis de HLP permaneceram dentro dos limites normais e as mulheres que residiam em áreas ruidosas esses níveis eram mais baixos, principalmente após a 30ª semana e diminuindo significamente após a 36ª semana. Os baixos níveis de lactogênio placentário foram associados ao baixo peso dos recém-nascidos, cujas mães eram moradoras das regiões mais ruidosas.

Conclusão: A música e seus componentes (sons, ritmos, ruídos, timbre, etc) está totalmente ligado no desenvolvimento do bebê desde a época em que ele era um simples embrião. Ela tem um papel muito importante nos aspectos cognitivos, mentais e até em relação aos aspectos nutricionais. De acordo com essas pesquisas científicas podemos concluir que o papel do musicoterapeuta com trabalhos em gestantes é além de garantir um melhor vínculo entre mãe e feto também garantir que seu desenvolvimento psicológico e fisiológico seja cada vez mais sadio.

Referências bibliográficas:

Apostila 1 FMU ano: 2010 - 1º semestre do curso de Musicoterapia.

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