sábado, 30 de abril de 2011

A paisagem sonora e o processamento auditivo

       A paisagem sonora, segundo Murray Schafer (2001), são todos os sons e ruídos que nos rodeia dia-dia na qual pode ser transformadas em música.
       Há muitos rumores de que ouvimos graças aos nossos ouvidos, porém quem é o responsável mais importante do reconhecimento destes sons e ruídos é o nosso cérebro. Portanto, é correto afirmar que  ouvimos com o cérebro. Para melhor entendimento é necessário fazer uma divisão do nosso aparelho auditivo. Ele é dividido em três partes:
       - Orelha externa: formada pelo pavilhão auricular, meato acústico externo e face externa da membrana timpânica
       - Orelha média: formada pela face interna da membrana timpânica, ossículos (martelo, bigorna e estribo), janela oval e tuba auditiva.
       - Orelha interna: labirinto, cóclea, ducto coclear (com células ciliadas), etc.
      O pavilhão auricular capta os diferentes sons, amplifica-a e passa para o meato acústico externo que, por sua vez, conduz esse som para a membrana timpânica. Ela capta os sons enviados pelo meato acústico externo e cada região de sua membrana que vibra é de uma frequência diferente do som. Após este acontecimento, a membrana timpânica transfere essas captações sonoras e manda para os ossículos (martelo, bigorna e estribo_nessa respectiva ordem). É a partir desse processo que essa captação do som se torna uma energia mecânica. Nesse trajeto, essa energia transfere-se para a janela oval (aumentando a pressão sonora) .
       Devido esta energia recebida, a janela oval vibra, gerando ondas de pressão movimentadas pela membrana basilar no líquido presente naa cóclea (perilinfa e endolinfa. O último encontra-se no ducto coclear). Uma vez que a janela oval agita o líquido coclear, a janela redonda se mexe opostamente devido à força hidráulica. Como ambas são membranas flexíveis, permitem um jogo de movimento, com o qual sem ele não seria possível a movimentação da perilinfa. Na cóclea há milhares de células ciliadas que transformam esse estímulo hidráulico em elétrico e envia ao cérebro (especificamente no córtex temporal), e assim, de acordo com as reações que aquele determinado ruído/som  e/ou música, os neurônios farão comunicações por meio de sinapses que influenciará em diversas áreas do nosso cérebro como: na parte cerebral que está o processamento de fala, motora, de memórias também, etc.

       Na musicoterapia, é a partir dos sons, dos ruídos, das músicas propriamente ditas que levará o sujeito a  se expressar, de um aforma não verbal, todos seus sentimentos, emoções referente a alguma situação vivenciada ou lembrada por uma vivência de um outro alguém. É por conta disso que o sujeito estressado diminui seu estresse, que uma pessoa que sofreu derrame volte aos poucos a voltar a falar, uma pessoa que possui alguma patologia que faz com sua sua imunidade diminua acabe aumentando, graças a uma boa parte, dessa relação que todos nós vivemos, o chamado Complexo Som x Ser humano x Som (BENENZON, 1988). Essa relação é tão profunda que faz até com que muitas pessoas que sofrem de demência (Alzheimer por exemplo) relembre de suas experiências vividas, reconhecem a letra de uma determinada música. Muitas vezes nem reconhecem seus próprios filhos mas ao ouvir uma música que fez parte de sua história, ela lembra doa detalhes mais minuciosos de suas experiências relacionadas com aquela música. Quem tem Síndrome de Williams por exemplo não tem a coordenação motora o suficiente para amarrar um sapato mas ao ouvir a Nona Sinfonia de Bettoven, já conseguem muitas vezes reproduzi-la em um piano por exemplo. Quem tem afasia perde a capacidade da linguagem (linguagem comprometida por conta do esquecimento das palavras ou do fato que desejaria contar para alguém) mas quando ouve uma música que foi muito marcante em sua vida ela consegue falar e até cantar essa música. Agora a questão é: como uma pessoa que não está com capacidade de se remeter a lembranças com a música começa a se lembrar? Como uma pessoa incapaz de amarrar um simples cadarço de seu tênis e consegue tocar Bettoven, Mozart e até Bach? Como uma pessoa que tem afasia ouvindo uma música significativa para ela, volta a pronunciar as palavras e até cantar uma música inteira? Mais adiante iremos falar sobre estes aspectos...O corpo humano é realmente algo fantástico.      

Referências bibliográficas:

Livros:

BENENZON, Rollando O. - Teoria da Musicoterapia Ano: 1988 - Editora: Summus Editorial
SCHAFER, Murray - A afinação do mundo Ano: 2001 - Editora: Fundação da Unesp.

Sites:

 http://www.projetohomemvirtual.com.br/seriejuventude/Audicao.pdf
       

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